Bruna Letícia Soares de Carvalho e Ediane Sena Almeida


HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FEMININA NO BRASIL: DA EXCLUSÃO AO PROTAGONISMO NO MAGISTÉRIO


Esta pesquisa tem por objetivo realizar uma abordagem histórica da educação escolar da mulher e o processo de feminização do magistério. Para tanto, utilizamos como métodos, a pesquisa de cunho bibliográfico com caráter exploratório e investigativo através de análises e interpretação das informações. Partimos do pressuposto que o modelo educacional brasileiro buscou reproduzir a educação europeia, excluindo as meninas da educação formal. Seu acesso à escola se deu a partir de leis que visavam e permitiram a criação de escolas para meninas, a partir de então surgiram as primeiras vagas das mulheres no magistério. Quarenta anos depois da criação das escolas normais para formação de mestres é que elas tiveram acesso e com o passar do tempo se tornaram maioria, mesmo porque era uma das poucas profissões socialmente aceitas para as mulheres, ademais os homens também se desinteressavam da docência devido os baixos salários. Destacamos que apesar dos avanços, ainda permaneciam excluídas do ensino secundário e somente com a coeducação surgiram propostas que permitiram acesso aos níveis mais elevados. Em contrapartida, conservadores preconceituosos defendiam que a mulher era intelectualmente inferior ao homem. Porém, prevaleceu o pensamento liberal que via na educação feminina um potencial para o desenvolvimento do país. Consequentemente, a participação da mulher no magistério cresceu de forma acentuada, e apesar dos entraves seguiu enfrentando a desigualdade na profissão, a diferença salarial e assumiu o protagonismo na docência demonstrando toda a sua força.

Introdução
Esta pesquisa teve por objetivo realizar uma abordagem histórica da educação escolar da mulher e o processo de feminização do magistério. Bem como, demonstrar gradualmente em que parâmetros sucedeu esta mudança de papéis, na qual as mulheres passaram a assumir a docência, até então predominantemente masculina.  Aranha afirma sobre a educação na Idade Média:

“[...]as mulheres não tinham acesso à educação formal. A mulher pobre trabalhava duramente ao lado do marido e, com ele, permanecia analfabeta. As meninas nobres só aprendiam alguma coisa quando recebiam aulas em seu próprio castelo. Nesse caso, estudavam música, religião e rudimentos das artes liberais, além de aprender os trabalhos manuais femininos.” [ARANHA, 2006:111]

Desta forma, dependendo de suas situações econômicas, as mulheres viviam à mercê das desigualdades sociais e escolares, tornando-se dependentes de seus maridos, assumindo um posto de inferioridade e não tendo um mínimo de instrução para que pudesse ter os mesmos direitos na tomada de decisões.

Essa realidade começa a se desconfigurar a partir da fase pré-republicana do final século XIX, o que nos sugere que com as ideias inovadoras surge a coeducação, com intuito de oferecer a mesma educação, independente do gênero [ARANHA, 2006]. É importante salientar que desde a Antiguidade os educadores eram em sua totalidade do sexo masculino.

A História da Educação formal no Brasil está associada a História da educação europeia, tendo em vista que no século XVI seu início se deu no contexto da colonização, com a chegada dos portugueses e dos missionários religiosos que objetivavam não somente a catequese dos colonizados, mas através do trabalho pedagógico manter a unidade política.
        
Método
Este trabalho utilizou de pesquisas de cunho bibliográfico com caráter exploratório e investigativo, visando analisar o processo da feminização na educação escolar. Desenvolvendo as etapas de acordo com a descrição seguinte: 1) Levantamento bibliográfico de documentos escritos (tais como livros, artigos) que abordem a educação feminina e sua evolução na sociedade; 2) Revisão de literatura; 3) Análise e discussão das informações obtidas; 4) Interpretação das informações, buscando salientar como essa igualdade de direitos educacionais influenciou a sociedade.

Resultados e discussão
Os portugueses de forma a querer reproduzir o modelo de educação europeu, passaram a excluir a participação das mulheres nesse processo, educando prioritariamente os meninos indígenas, que aprendiam a ler e escrever ao lado dos filhos dos colonos. Às mulheres caberia o aprendizado da costura e das atividades domésticas. De acordo com ARANHA [2006:195] “escapavam a esta situação de analfabetismo as meninas que eram enviadas, muito jovens, para os conventos de Portugal ou das ilhas atlânticas”. Tal recolhimento se dava com fins religiosos.

O acesso da mulher à educação, adquirido como direito, se deu apenas com a lei de 15 de outubro de 1827, que permitiu a criação da escola de primeiras letras para meninas, consequentemente, surgiram vagas para mulheres no magistério primário.

“Essas aulas deveriam ser ministradas por ‘senhoras honestas e prudentes’, das quais não se exigiriam grandes conhecimentos, uma vez que, em aritmética, por exemplo, bastava ensinar as quatro operações. O problema, porém, decorria da impossibilidade de conseguir mulheres que tivessem o mínimo preparo, e, quando tinham pelo menos um pouco, podiam não ser aceitas se não soubessem as ‘artes da agulha’”. [ARANHA 2006:229]

Em 1835 surgiram as escolas normais, como o intuito de melhorar a formação dos mestres, os requisitos necessários para ingressar nessas escolas eram: ter 18 anos, saber ler, escrever, ser brasileiro, ter bons costumes e ser homem. Apenas 40 anos depois de fundada, com a criação de uma sessão feminina, a mulher passou a ter acesso a essa formação.

Segundo Durães [2011:468], “não se pode esquecer que as primeiras Escolas Normais propriamente ditas, seminários para preparar mestres leigos, são em grande medida resultado da influência pestalozziana”. Com o passar do tempo, a participação feminina tornou-se predominante nessa instituição, segundo Demartini; Antunes [1993]:

“Em 1880 [...] as aulas passaram a ser mistas, mas havia entradas diferentes para moças e rapazes. O número de matrícula geral de 1º e 2º anos era de 61, dos quais 29 eram mulheres. O curso anexo recebeu 12 matrículas, 55 rapazes e 72 moças, sendo que no 1º ano havia 24 moças para 20 rapazes. A considerar esses números, nota-se a partir daí o começo da feminização da frequência na Escola Normal de São Paulo” [RODRIGUES, 1930, p.112 apud DEMARTINI; ANTUNES 1993:6].

Tal feminização se deu porque o magistério era uma das poucas profissões que as mulheres poderiam exercer sem serem rechaçadas pela sociedade, pois estava associada a característica maternal. Ademais, permitia conciliar as atividades domésticas com o trabalho. Outro fator que podemos destacar seria que as mulheres aceitavam os baixos salários do magistério primário com mais facilidade, por geralmente não serem as   responsáveis absolutas pelo sustento do lar.

No que se refere ao ensino secundário as mulheres permaneciam excluídas. Até mesmo as moças que tinham posses e se preparavam em escolas particulares confessionais protestantes ou católicas, não conseguiam ingressar nos cursos superiores, devido ao fato de que o ingresso nestes se dava mediante a aprovação em exames preparatórios que eram destinados exclusivamente aos homens. De acordo com Aranha [2006:230] “a primeira mulher a se matricular na Faculdade de medicina do Rio de Janeiro foi Dona Ambrozina de Magalhães, em 1881”.

Apenas no final do século XIX começaram a surgir rumores de uma educação igualitária entre gênero. A coeducação propunha o acesso das mulheres aos níveis educacionais até então destinados somente aos homens. Em contrapartida, os conservadores temiam pela emancipação feminina, considerando tal proposta como uma ameaça a dissolução da família, os argumentos por estes utilizado não era a importância do papel da mulher na sociedade, mas a inferioridade da inteligência feminina que, portanto, deveria se limitar aos afazeres domésticos.

Demonstrando dessa forma, que até então, o que limitara o acesso das mulheres às instituições escolares não seria apenas o temor da exposição feminina ao público, ou apenas sua emancipação, mas, uma visão preconceituosa e machista herdada desde a antiguidade, que subestimava o potencial feminino.

Entretanto, haviam também aqueles considerados mais liberais que não dissociavam a educação das tarefas domésticas, defendiam que as mulheres tivessem acesso a todos os níveis de educação para que pudessem desempenhar bem as suas funções de esposa e mãe. Compreendemos, nesse discurso, a subestimação da mulher de forma menos acentuada, porém ainda muito machista, pois vê na educação feminina um meio para alcançar benefício próprio, como uma forma de “qualificação” da esposa.

Porém, destacamos Tobias Barreto e Tito Lívio de Castro, estes defendiam a educação feminina como um fator de justiça social, e ponto central para o desenvolvimento da sociedade brasileira [ARANHA, 2006]. Finalmente surge na história, um discurso que percebe a mulher como um potencial para o progresso do País.

Este discurso mais avançado ganha força, de forma que aos poucos foram surgindo escolas voltadas para a educação feminina. “Em 1832 havia vinte escolas primárias femininas em todo o império, em 1873 apenas a província de São Paulo contava com 174 unidades” [ARANHA, 2006:230].

A participação da mulher no magistério crescia consideravelmente com o passar do tempo, de forma que em 1895, as moças excediam expressamente o número de formados pela escola normal:

“E ainda por se tratar de uma atividade mal remunerada, atraía, em muitos casos os que podiam exercê-la como uma atividade paralela, os que contavam com o apoio financeiro da família, ou então aqueles que não haviam encontrado uma ocupação mais bem remunerada” [DEMARTINI; ANTUNES, 1993:7].

No mais, apesar de serem maioria na docência, as mulheres ainda eram vítimas de preconceito na própria profissão, com salários inferiores aos professores e sem possibilidade de ascensão na carreira. Embora as mulheres fossem tão bem qualificadas quanto os homens destinavam-se a elas somente as vagas do ensino primário, não chegando a cargos de direção. Tal diferença salarial era justificada pelo fato de que estas teriam menos responsabilidades civis que os professores.

No entanto, tentava-se compensar a diferença salarial através do reconhecimento, seria uma “honra” ocupar o cargo de professora, devido a importância do seu trabalho. Como descreve Demartini; Antunes [1993], ao relatar o discurso proferido pelo Prof. José Feliciano, catedrático da escola normal da capital, durante a cerimônia de inauguração do edifício da praça da república em agosto de 1984:

[sic] “Senhores e sobretudo excelentíssimas senhoras![...]Vós, em cujos intimos coroaveis  palpita um coração de Mãe, um coração de Esposa, um coração de Filha –, sabeis que a vós impede hoje o melhor esforço em prol da regeneração de nossa especie. Preparando-vos para tomar a vossos santos cuidados a cultura completa de vossos filhos, a instrucção primeira dos tenros novedios que tanto deveis estremecer, preparando-vos para ser Mães integraes, Mães educadoras, para ser verdadeiras Mestras, hão de bendizer-vos os seculos por vir, e haveis de colher os fructos, cujo sabor divino é para algumas egrégias apreciarem.” [RODRIGUES 1930, p. 354 apud DEMARTINI; ANTUNES, 1993, p. 8]

Considerações finais
Consideramos que apesar de o ingresso feminino nas instituições escolares e consequentemente no magistério, ter se dado de forma lenta e carregada de preconceito, este foi um grande passo para a sociedade. A partir da “brecha” do desinteresse masculino pela docência a mulher pôde demonstrar seu potencial e assumir o protagonismo dessa profissão.

Se a princípio foi dada a mulher a oportunidade de trabalhar, visando a sua “fragilidade”, sensibilidade, paciência que o ensino primário exigia, a feminização do magistério é a prova de que esta demonstrou toda a sua força. Ainda assim, fica nítido que apesar de serem a maioria na docência, as mulheres têm a contínua obrigação de demonstrarem a sua capacidade intelectual para manter seu espaço em postos educacionais mais valorizados.

Referências
Bruna Letícia Soares de Carvalho - É acadêmica do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA) e Bolsista de Iniciação Científica do Grupo de Estudos e Pesquisas HISTEDBR (História, Sociedade e Educação no Brasil). E-mail: brunaleticia.soares13@gmail.com

Ediane Sena Almeida - É acadêmica do curso de Licenciatura Plena em Pedagogia da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). E-mail: edianesena10@hotmail.com

Wilverson Rodrigo Silva Melo (Orientador) -  É Mestre em História pela Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e Doutorando em História Contemporânea pela Universidade de Évora (UÉVORA). Atualmente é Docente na Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA). E-mail: w.rodrigohistoriador@bol.com.br.

ARANHA, Maria Lúcia de Arruda. História da educação e da pedagogia: geral e Brasil. 3. ed.  São Paulo: Editora Moderna, 2006.

DEMARTINI, Zeila de Brito Fabri; ANTUNES, Fátima Ferreira. Magistério primário: profissão feminina, carreira masculina. Cad. Pesq., São Paulo, n. 86, p. 5-14, 1993. Disponível em: http://publicacoes.fcc.org.br/ojs/index.php/cp/article/view/934/939

DURÃES, Sarah Jane Alves. Aprendendo a ser professor(a) no século XIX: algumas influências de Pestalozzi, Froebel e Herbart. Educação e Pesquisa. v. 37, n. 3, p. 465-480, set./dez. 2011. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-97022011000300002&script=sci_abstract&tlng=pt



18 comentários:

  1. Boa tarde Bruna e Ediane,

    A inserção da mulher dentro do processo educacional formal foi muito lento, devido aos entraves estabelecidos por uma sociedade machista e centrada no paternalismo. Talvez haja um posicionamento contrário nos dias de hoje, quando um professor almeja lecionar para as séries iniciais do fundamental, tamanha a proporção que esse nicho profissional tomou entre o gênero feminino.

    Como mulheres que se inserem na docência, quais os obstáculos que vocês ainda enfrentam no cotidiano profissional?

    Maicon Roberto Poli de Aguiar

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    1. Boa noite Maicon,

      Obrigada por sua pergunta.
      Os desafios que enfrentamos atualmente, consistem no fato de que a predominância feminina no âmbito educacional ocorre apenas nas salas de aula.
      Os obstáculos se referem às dificuldades encontradas pelas professoras que almejam ascensão na carreira, pois os cargos de poder, socialmente valorizados e bem remunerados, são destinados predominantemente aos homens. Ou seja, apesar de as mulheres formarem a base da educação, estas são minoria nos cargos administrativos.
      Por exemplo, até o cargo de direção escolar a presença feminina é predominante, porém, quanto aos cargos de Secretári@s Estaduais de Educação a proporção é de 19 homens para 8 mulheres (dados do consed 2018).
      Ademais, no próprio Ministério da Educação a predominância é masculina, pois no decorrer da história, das 58 pessoas que ocuparam o cargo de Ministr@ da Educação, apenas 1 era mulher.
      O que nos leva a considerar que a subestimação do potencial feminino ainda é uma realidade nos dias atuais, cuja superação é um desafio, pois nos obriga à constante prova de nossas competências.
      Dessa forma, esperamos ter esclarecido sua dúvida.


      Bruna Letícia Soares de Carvalho
      Ediane Sena Almeida

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  2. Parabéns pelo texto. Solicito um maior esclarecimento sobre a passagem na qual as autoras asseguram que "as mulheres têm a contínua obrigação de demonstrarem a sua capacidade intelectual para manter seu espaço em postos educacionais mais valorizados". De que forma isso acontece na prática do cotidiano escolar? Obrigado
    Roberto Carlos Simões Galvão

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    1. Caro Roberto, boa noite!

      Nos sentimos gratas com o teor de sua pergunta. Suponhamos que em uma escola da cidade haja em seu quadro de docentes uma professora que lecione há uns 20 anos e um professor há cinco anos (ressaltamos que no que se refere à formação profissional, os dois estejam na mesma proporção). Certo dia, surge uma vaga por indicação para ocupar o cargo de gestor da escola, ambos mostram interesse pela vaga e se candidatam, porém, esta professora para alguns terá seus conhecimentos considerados como "ultrapassados", haja vista que já estar nesta escola há vinte anos e dirão que ela terá mais experiência para lecionar, sendo que o colega com cinco anos de formação parecerá mais hábil para ocupar o cargo pelo fato dos conhecimentos dele estarem mais "atualizados". Entretanto, se fosse o contrário, esta professora seria considerada inexperiente para o cargo de gestão, sua práxis pedagógica seria considerada imatura. No caso do professor, e isto é histórico, o homem sempre foi visto como um ser de liderança, é considerado ter mais capacidade para direcionar, orientar e conduzir. No mais, quem seria indicado para este cargo de liderança? Para tanto, isto se segue em cargos muito superiores, como secretarias de educação dos municípios e até mesmo ministros da educação (sendo que houve apenas uma mulher em toda a história a alcançar este cargo). É neste sentido que buscamos enfatizar os entraves que a mulher sofre para ascender em cargos considerados mais valorizados e melhor remunerados. Ademais, agradecemos mais uma vez sua participação.

      Bruna Letícia Soares de Carvalho
      Ediane Sena Almeida

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  3. Este comentário foi removido pelo autor.

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  4. Olá boa noite, muito bom o texto um assunto super atual. Nos dias de hoje acontece muito meninas bem jovens que engravidam e por conta da gravidez se casam, e com bebe e marido para cuidar o primeiro a se parar são os estudos, e dessa forma acabam passando pela mesma desigualdade social e escolar vivida no passado, essas jovens se tornam dependentes de seus maridos, inferiores e não têm instrução para com seus direitos. A partir desse raciocino no âmbito educacional o que os professores podiam fazer para que essas jovens conseguirem vencer os desafios educacionais, não desistindo dos estudos e grande parte que pudessem ter a consciência de primeiro a educação e depois a construção de família?
    Agradecida.
    Talita Souza da Rocha Rebello

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    1. Boa tarde Talita,

      Muito obrigada pela atenção destinada ao nosso texto e por sua pergunta.
      Realmente, a gravidez precoce é um dos principais fatores da evasão escolar feminina, por vários motivos, tais como, falta de apoio familiar, ausência de creches e pressão social que atribuem à mulher a responsabilidade quanto ao cuidado dos filhos, como você bem elencou.
      No âmbito educacional, a orientação sexual e educação preventiva ainda são os meios mais eficazes para a superação desta realidade. Programas tais como PSE (Programa Saúde na Escola) contribuem para a diminuição da gravidez na adolescência, no entanto, o PSE não é obrigatório, as escolas podem ou não aderir ao programa e nesse contexto ainda existem instituições escolares que evitam tal abordagem.
      A função da(o) professora(o) é primordial, pois dispõe a possibilidade de poder agregar aos conteúdos curriculares a abordagem do tema sexualidade, tendo em vista que a ausência deste debate prejudica principalmente as meninas, pois muitas vezes sofrem com o machismo e enfrentam o tabu na sua sexualidade. Consequentemente surge a evasão escolar por gravidez precoce e pela falta de orientação adequada.
      No entanto, ressaltamos que por mais que a escola busque trabalhar coerentemente sobre esses assuntos, sempre haverá a possibilidade de adolescentes engravidarem, e neste momento cabe à escola lhes proporcionar acolhimento e transmitir apoio frente a esta situação. Trabalhando espaços em que essas adolescentes possam levar seus filhos para a escola e que não se sintam excluídas. Faz-se necessário a execução de um trabalho conjunto interdisciplinar que ofereça atendimentos médicos, psicológicos e pedagógicos, isto exige um diálogo que atinge várias esferas, como a família, o poder público, órgãos governamentais. A união entre estes possibilitará não apenas o que muitos pensam sobre o incentivo à gravidez precoce, mas permitirá que as demais adolescentes reflitam sobre as dificuldades em manter uma criança sem o apoio necessário. Esperamos ter contribuído.

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    2. Bruna Letícia Soares de Carvalho
      Ediane Sena Almeida

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  5. Ótimo texto! Não podemos negar que a inserção da mulher no magistério foi um passo importante, mas de fato o patriarcalismo deixou um legado de desprestígio para a formação de magistério. Ainda hoje quando um jovem deseja entrar para um curso de licenciatura sempre é aconselhado a buscar outro curso que o remunere melhor ou que deixe a licenciatura para a segunda opção. O que vocês acham que poderiam ser implementado na formação inicial dos professores, nas universidades, para reconstruir essa visão da profissão docente? Como encarar seus desafios?

    Deise Machado Mendes.

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    1. Boa noite Deise,

      Obrigada pela pergunta! A consideramos muito interessante para um reflexão sobre a docência nos tempos atuais, pois os fatores que provocam o desinteresse dos jovens pelas licenciaturas partem dos baixos salários dos professores, da desvalorização social desta profissão e até mesmo da "sacralização" do magistério, pois os jovens consideram a docência tão desvantajosa que atribuem aos que optam por ela como um "dom" e não como uma carreira profissional.
      Apesar de tais afirmativas, é válido salientar que esta opção profissional, também oferece benefícios, tais como estabilidade profissional, possibilidade de ascensão na carreira (o salário corresponde ao tempo de carreira), a possibilidade de afastamento para o estudos de qualificação, entre outros.
      Consideramos que pela importância dos profissionais da educação para a sociedade, ainda há muito o que melhorar, para que o professor alcance o reconhecimento da sua profissão. Dessa forma, a contribuição da universidade no processo de valorização da docência consiste em oferecer formação de qualidade, incentivo aos futuros professores e proporcionar aos discentes esclarecimento sobre os seus direitos e possibilidades de ascensão. Esperamos ter contribuído

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    2. Bruna Letícia Soares de Carvalho
      Ediane Sena Almeida

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  6. Bruna e Ediane,

    Acredito que a discussão trazida por vocês é de grande importância para pensarmos as raízes da desvalorização econômica dos profissionais da educação a partir de uma perspectiva histórica.
    Segundo dados disponibilizados em 2013 pela PNAD (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), realizada pelo IBGE e analisada pelo jornalista Antônio Góis na reportagem disponível no link abaixo:

    https://blogs.oglobo.globo.com/antonio-gois/post/professores-da-educacao-infantil-tem-os-piores-salarios.html

    Podemos dizer que a desigualdade se estende ainda dentro da própria carreira docente, na qual os professores da educação infantil recebem os piores salários da categoria. Na opinião de vocês, ao historicizar a educação brasileira, quais os motivos que fazem com que isso ainda ocorra em nosso país? Como mudar esse cenário?

    Muito obrigada pelas reflexões expostas!

    Amanda Camargo Rocha

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    1. Boa noite Amanda,

      Essa resposta histórica para a diferença salarial na docência está descrita em nosso texto, dado o fato que as mulheres começaram a lecionar pelo ensino primário, uma atividade que desde o princípio era mal remunerada, por estar associada aos cuidados maternos. Dessa forma, até os dias atuais a atuação da(o) professora(o) na educação infantil, que formam a base e preparam o aluno para seu desenvolvimento cognitivo é visto com demérito dentro da própria profissão, agregado à isto, está o fato dessa profissão ser ocupada majoritariamente por mulheres e conforme expomos em nosso texto, estão em constante luta pelo direito de igualdade salarial. Desde já, agradecemos sua contribuição.

      Bruna Letícia Soares de Carvalho
      Ediane Sena Almeida

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  7. Boa noite! Parabéns pelo texto! Quanto a inversão que ocorreu ao longo do tempo tornando a mulher protagonista na educação primária devido à relação com a maternidade. Poderia falar um pouco mais sobre como o machismo seria o responsável por tal situação e se vocês veêm uma possível mudança nesse quadro, considerando que hoje, por exemplo, os cursos universitários de pedagogia são compostos majoritariamente por mulheres?

    Pamella Passos de Almeida Demetrio

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    1. Boa noite Pamella,

      Obrigada por sua pergunta.
      Por muitos anos, o machismo contribuiu para a exclusão da mulher de muitos setores da sociedade, inclusive da educação formal. Depois limitou a atuação profissional feminina ao ensino primário, de forma que lentamente a mulher foi conquistando seu espaço e tornando-se maioria no magistério. Porém, atualmente o machismo ainda persiste em estabelecer limites à atuação feminina, ele está presente nos discursos que dizem que "curso X é para homem e curso Y é para mulher", ele está presente nas indicações para cargos administrativos de poder que elegem prioritariamente os homens e nos contracheques com valores diferenciados por gênero.
      Certamente existem formas de superar a influência machista, debates sobre esta temática são eficazes, pois o machismo só tem força em uma sociedade desinformada. Falar sobre o tema permite a reflexão aos homens sobre seus atos e às mulheres a consciência de que gênero não define supremacia e se definisse esta seria feminina, pois a análise histórica da atuação da mulher na sociedade revela como estas são especialistas em superar limites. Obrigada por sua participação.

      Bruna Letícia Soares de Carvalho
      Ediane Sena Almeida

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  8. Boa noite, Bruna Letícia e Ediane!!! Parabenizo-lhes pelo texto, interessante reflexão. Estudos dessa natureza possibilitam maior entendimento das representações da mulher na sociedade, da história do trabalho da mulher, enfim da história da mulher. Importante observar que o magistério ainda permanece como um dos principais guetos femininos. Permanece a desigualdade salarial e discriminação no mercado de trabalho na sociedade contemporânea, mesmo quando as mulheres possuem melhor qualificação profissional, e ocupam as mesmas funções exercidas pelos homens. A que vocês atribuem a perpetuação dessas relações de desigualdade, inferioridade e desvalorização do papel da mulher na sociedade, no trabalho, no magistério, na docência?
    Eliane Brito Silva.

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    1. Boa noite Eliane,

      Gratas por sua pergunta.
      Atribuímos a persistente desigualdade à legitimação social do machismo que está presente em diversos âmbitos da sociedade.
      Porém, vale ressaltar que embora a passos lentos, a mulher tem avançado na superação das limitações que lhes são impostas.
      Obrigada por sua participação.

      Bruna Letícia Soares de Carvalho
      Ediane Sena Almeida

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  9. parabéns pelo excelente texto e pela escolha do tema, é bacana repensar essas discussões que ainda permeiam nos dias atuais, as quais se encontrar em muitas universidades que oferecem o curso de pedagogia, onde, homens que o escolhem acabam sofrendo preconceitos de outros acadêmicos!
    Cleverton Andrei Roza

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